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O Voo do Colibri

«O Colibri não é apenas um pássaro qualquer, o seu coração bate 1200 vezes por minuto, bate as suas asas 80 vezes por segundo, se parassem as suas asas de bater, estaria morto em menos de 10 segundos. Não é um pássaro vulgar, é um milagre.»

Your Honor (2021)

Fevereiro 23, 2021

Francisco Chaveiro Reis

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Em Nova Orleãos, vemos um miúdo branco, nervoso, ir deixar uma moldura de uma mulher a um bairro pobre, negro. Não é bem recebido e rapidamente volta para onde veio. Percebemos depois que era a fotografia da mãe, colocada no local onde, exatamente um ano antes, fora assassinada. À pressa e com um ataque de asma, perde a atenção e quando dá por si, bate numa mota. Em momentos demasiado gráficos, vemos que o miúdo branco que atropelou não irá sobreviver. Adam (Hunter Doohan), tenta ajudar, mas depois de assistir aos últimos momentos de Rocco (Benjamin Wadsworth), foge. Acaba por contar tudo ao pai, Michael (Brian Cranston), juiz respeitado e imagem perfeita da justiça, numa terra de corrompíveis. É já na esquadra, quando Adam está prestes a entregar-se que Michael vê Jimmy Baxter (Michael Stuhlbarg) chorar a morte do filho. Jimmy é quem mais manda no mundo do crime de Nova Orleões e Michael logo percebe que tem que esconder tudo o que aconteceu começando uma épica jornada para proteger o filho. Uma das séries do ano, que não terá sequência, mas que vale por várias temporadas, num retrato de amor paterno, mas também dos pobres do sistema do Luisiana e dos extratos da sociedade de Nova Orleões. Imperdível.

It´s a Sin (2021)

Janeiro 26, 2021

Francisco Chaveiro Reis

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Em tempos de pandemia, a HBO estreia uma série dramática sobre a pandemia que bateu à porta da Londres dos anos 80, a Sida. Não que a doença fosse exclusiva ou tivesse começado ali mas é nesta realidade que aterramos para conhecer um grupo de homossexuais (e uma sua amiga, heterossexual), no inicio da sua vida adulta, recém libertados das amarras da suas famílias conservadoras e prontos para mil e uma noites de farra, com muito sexo desprotegido pelo meio. Richie (Olly Alexander), estudante de direito que quer ser, afinal, ator e deixou para trás a Ilha de Wigh; Roscoe (Omari Douglas), que foge da família nigeriana que o quer “curar” ou Colin (Callum Scott Howells) que vem de uma terriola galesa, acabam a viver juntos, na companhia de Jill (Lydia West), também ela aspirante a atriz.

É quando Colin, empregado numa loja de roupa, nos apresenta o seu colega Henry (Neil Patrick Harris), um gay mais velho e com uma relação de mais de trinta anos, que percebemos que algo está mal. O seu companheiro desaparece de vista e Henry acaba num hospital, isolado e deixado para morrer, com o tipo de manchas na cara que, nós, em 2021, já conhecemos bem e vimos representadas, desde logo, em Filadélfia ou Anjos na América. Ao mesmo tempo, à medida que os rapazes prosseguem a sua vida mais (Richie e Roscoe) ou menos (Colin) animada, não param de chegar dos EUA notícias de uma nova praga e em Londres, o cerco vai apertando.

Esta é a nova série de Russel T. Davies, que viveu a época na sua pele de homossexual e que lembrou, no lançamento, aquilo que viu: "Há coisas que não posso dizer aqui. Homens cujos nomes não me atrevo a revelar. O primeiro homem com quem tive sexo. O homem que amei durante três meses em 1988. O amigo hilariante com quem passei uma semana louca em Glasgow. Agora estão todos mortos. E todos eles morreram vítimas da Sida. Mas não posso dizer os nomes deles porque as famílias disseram que eles tinham morrido de cancro ou de pneumonia e ainda hoje mantêm essa história. O estigma e o medo sobre o HIV era tão grande que uma família muitas vezes sujeitava-se a décadas de luto sem nunca revelar o que realmente tinha acontecido", escreve o argumentista no seu texto publicado no jornal britânico "The Guardian".

Normal People (2021)

Janeiro 11, 2021

Francisco Chaveiro Reis

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Quem tiver alguma paciência para alguns momentos mortos e tolerância a uma dose extrema de melancolia, vai deliciar-se, como eu, com Normal People, que promete ser uma das séries mais marcantes de 2021.

Disfarçada de história de amor juvenil, Normal People mostra-nos a vida de Marianne (Daisy Edgar-Jones) e de Connell (Paul Mescal) desde o secundário, em Sligo até à universidade, em Dublin. Ela é inteligente, rica, bonita (mas não sabe e ninguém parece reparar) mas não encaixa na cidade, na escola ou sequer em casa, onde tem uma mãe gélida e um irmão bully. Ele é inteligente, pobre (a mãe faz limpezas na casa de Marianne) e, sendo desportista, encaixa na cidade e na escola. E em casa, a mãe é o que se espera que uma mãe seja.

É inevitável que se juntem e se explorem. Mas ele faz questão de manter o romance escondido, por clara vergonha. O que não a impede de amar e ela agradece que alguém lhe dê atenção até se fartar de vez. Voltamos a vê-los (nada temam, ainda estamos no início da série) já universitários, em Dublin, já ela é toda segura, namorada de uma das estrelas do campus e, moderna e cosmopolita, atrai agora as atenções de homens e mulheres. Já ele, sente saudades de casa e ainda não se encaixou totalmente na nova realidade. Agora é ela que pode ter vergonha dele.

E continua uma história de desencontro e de um amor estranho, forte, mas inconstante que vai mostrando que eles têm outras pessoas e que ela até passa pela Suécia e que eles até se encontram em Itália, na casa de férias dela. Normal People dá ares de uma qualquer série juvenil norte americana, com desportistas versus marrões e com direito até a um baile de finalistas e ao depois dos mais populares da escola, transformados em campónios sem horizontes. Dá ares de um filme independente francês sobre os desafios da academia e a vida boémia nos entretantos. Faz lembrar um filme italiano de verão, quando eles estão na velha casa de férias, jovens exploradores em busca da próxima aventura. Normal People é sobre crescer, com amor e muito sexo pelo meio. É sobre muito pouco e sobre muito. É sobre a história de um casal normal, mas nunca banal.

Billions (2016-?)

Janeiro 04, 2021

Francisco Chaveiro Reis

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Depois do destaque que teve nas fabulosas primeiras temporadas de Homeland, o ruivo britânico Damian Lewis trocou a pele, esticada no pescoço, de Brody, pelo fato de super-homem das finanças, em Billions. Os milhares de milhões do título, são quase todos dele, Axelrod, um pobretanas esperto que no 11 de Setembro, leu a situação e ficou rico antes do mundo saber o que lhe tinha acontecido. Vários anos depois, prospera e é adorado como uma estrela de rock (veste-se e age como tal, por sinal). Conta com o apoio de um trio de luxo: a mulher Lara (Malin Akerman), pobre em desconstrução como ele; a psicóloga da empresa, Wendy (Maggie Siff) e o braço-direito, Wags (David Costabile). O problema da vida perfeita de Bobby Axelrod é Chuck Rhoades (Paul Giamatti), ambicioso procurador, em busca de subir na hierarquia, tal como é esperado dele, nascido em berço de ouro. Para além da esperteza de rua de Axelroad, há mais um grande fator a impedir Chuck de ter sucesso. A mulher. A sua mulher é Wendy, um dos esteios de Axelrod.

Gangs of London (2020-?)

Dezembro 15, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Gangs of London é uma das séries mais gloriosas do ano. Nela, em estreia na HBO, Sean (Joe Cole) tem como obsessão vingar a morte do pai, rei do submundo do crime londrino e sobretudo a missão ocupar o seu lugar como chefe da família Wallace, mesmo que nem toda família esteja convencida que é o homem certo. Os sapatos de Finn (Colm Meaney) são difíceis de preencher e não faltam fações a quem agradar e meter respeito, dos indianos aos curdos, passando pelos albaneses. Aproveitando a necessidade de Sean precisar de aliados, Elliot (Sope Dirisu), vê a sua oportunidade de subir na organização, mesmo que ele próprio tenha fantasmas e segredos. Gangs of London faz lembrar Succession, na luta constante pelo poder; alude à malandragem inteligente de Peaky Blinders; pisca um olho a Guy Ritchie e ainda dá uma volta pelo mundo sangrento de Tarantino. Mas, vale, e muito, por si.

Comey Rule (2020)

Outubro 26, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Comey Rule, já na HBO, relata a relação entre James Comey, Diretor do FBI e Donald Trump, recém-empossado presidente dos EUA. Nomeado Diretor do FBI, por Barack Obama, em 2017, Comey (aqui, o brilhante Jeff Daniels) seria responsável pela célebre investigação dos emails confidenciais de Hillary Clinton, em plena campanha presidencial e estaria envolto num pedido de “lealdade” constante por parte de Trump (magnífica interpretação de Brendan Gleeson), que o despediria. Comey Rule sai em plena campanha eleitoral e deixa bastante claro, o modus operandi de Donald Trump, numa produção com um elenco de luxo.

An American Pickle (2020)

Setembro 02, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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An American Pickle não é um filme genial, mas, protagonizado por um dos nomes mais relevantes da comédia americana dos últimos anos, Seth Rogen, reveste-se de algum interesse, sobretudo pelo absurdo. Herschel, um judeu polaco, emigra para os EUA em 1919 em busca de uma vida melhor. Os seus planos são interrompidos quando cai num reservatório gigante de pickles. É lá que fica conservado por cem anos, acabando por ser acordado em 2019 e viver com o seu bisneto, Ben. Desbocado e desadequado, Herschel transforma-se num homem de sucesso – produtor de picles caseiro, curiosidade para os endinheirados de Brooklyn e uma celebridade no Twitter – enquanto Ben não para de o desiludir. Herschel é um triunfo à la Borat, num filme suficiente, mas, divertido.

Brave New World (2020)

Agosto 20, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Em 2020, a HBO traz ao pequeno ecrã do streaming a adaptação da obra visionária de Aldus Huxley, Admirável Mundo Novo (1932). A história de um futuro onde a Humanidade não tem problemas, vivendo numa sociedade perfeita onde a privacidade e monogamia são proibidas. Nesta distopia, estamos na cidade de Nova Londres, na qual todos nascem com um papel definido no “corpo social” (os Alfas + são líderes, os Betas têm profissões intermédias e por aí adiante) e onde a felicidade é uma escolha, afinal, há sexo a rodos e comprimidos de todas as cores para inibir sentimentos negativos.

Ainda assim, esta sociedade perfeita não chega a Bernard (Harry Lloyd, o desprezível irmão de Daenerys em Game of Thrones), Alfa + e psicólogo e a Lenina (Jessica Brown Findley, a irmã mais nova em Downton Abbey), Beta, vacinadora com tendência para ser monógama. É quando visitam a reserva de “selvagens” (humanos tradicionais), que conhecem John (Alden Ehrenreich, o mais recente Han Solo) e uma forma mais parecida com a sua, de pensar. Ainda assim é John que os acompanha no regresso a Nova Londres, criando ondas de choque.

Banshee (2013-2016)

Julho 25, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Só agora cheguei ao mundo absolutamente louco de Banshee, nome de uma pequena cidade norte-americana, bem como de um ser da mitologia celta. Saída da prisão, após quinze anos, um misterioso homem (Anthony Star) vê-se naquela localidade da Pensilvânia para encontrar a namorada, Ana (Ivana Milicevic). Mas quinze anos são tempo a mais e Ana, agora Carrie, seguiu em frente, tem marido, dois filhos e emprego. E nem sequer tem os diamantes que fizeram com que o ex ficasse na prisão tanto tempo. Lambendo as feridas do bolso e do peito, num bar local, acaba por se envolver numa cena de pancada. Resultado: dois assaltantes mortos e igual destino para Lucas Hood, o novo xerife. E se ninguém conhecia ainda Hood, o nosso homem misterioso não tem problemas alguns em lhe ficar com a identidade, passando de presidiário a chefe da minúscula esquadra. Tudo para estar mais perto de Ana. É assim que dá azo à sua veia violenta para épicos arraiais de pancada que se parecem ser afrodisíacos para o mulherio que o rodeia. Mesmo tendo que lidar com o arruaceiro local, Kai, amish transformado em rico industrial da carne, o perigo maior é Rabbit, o dono dos tais diamantes.

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