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O Voo do Colibri

«O Colibri não é apenas um pássaro qualquer, o seu coração bate 1200 vezes por minuto, bate as suas asas 80 vezes por segundo, se parassem as suas asas de bater, estaria morto em menos de 10 segundos. Não é um pássaro vulgar, é um milagre.»

WW 84 (2020)

Abril 06, 2021

Francisco Chaveiro Reis

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Ver Wonder Woman 84 (WW 84) depois de ver a nova versão de Justice League é ainda pior do que já seria ver um filme que parece, ao contrário do que seria de esperar, piorar à medida que a história se desenvolve. A sequência inicial, onde vemos a jovem Diana na sua terra natal (que potencial por explorar) é o melhor do filme que traz a Diana adulta, como a conhecemos (Gal Gadot) para a Washinton de 1984, onde trabalha com “velharias” no Museu Smithsonian. É lá que conhece os dois vilões sem sal do filme, Lord (Pedro Pascal), um homem de negócios sem sucesso e Barbara Minerva (Kristen Wiig), sua nova colega no museu. Eis que aparece um amuleto milenar que concede desejos, tornando num ápice Lord num homem rico e influente e Minerva numa supermulher, mesmo que os desejos tenham um preço a pagar. E cabe a Diana/Wonder Woman salvar o dia, mesmo que para isso tenha que renunciar ao seu desejo e despedir-se, mais uma vez de Steve (Chris Pine). Diana merece mais e nós também. Já se sabe que a Marvel vence a DC no cinema, partida após partida, mas assim, é pedir uma goleada.

Wasp Network (2020)

Julho 13, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Cerca de quatro meses depois, regressei ao cinema para ver Wasp Network, um filme de espiões, baseado numa história verídica. No início dos anos 90, quando se pensava que a queda da União Soviética teria efeito dominó no regime de Fidel Castro, muitos desertaram para os Estados Unidos, em especial para Miami. É o caso do protagonista Rene (Edgar Ramirez), piloto, que deixa para a trás a mulher, Olga (Penélope Cruz) e a filha, de seis anos. Ajudado por uma associação de desertores cubanos, começa a trabalhar para eles a detetar aqueles que vão fugindo de Cuba em embarcações rudimentares, ajudando-os a chegar aos EUA, onde os espera uma vida melhor, com um olho posto no derrubar de Fidel. Pouco depois de Rene, também Juan Pablo (Wagner Moura), deserta, a nado e junta-se aos pilotos que querem fazer algo por Cuba. Mas nada é o que parece e nem sempre sabemos quem está de que lado. Numa história com aviões abatidos, explosões em hotéis e muito mais, brilham, ainda, Gael Garcia Bernal, como nome central da tal Wasp Network ou a bela Ana de Armas. Sem ser o filme do ano, é um filme interessante que conta uma história pouco conhecida e se debruça sobre uma época de Cuba, pouco retratada.

Atentado ao Hotel Taj Mahal (2018)

Junho 01, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Quando, em 2008, Mumbai foi o sangrento epicentro de um ataque terrorista onde 164 pessoas foram assassinadas e mais de 300, foram feridas, o luxuoso hotel Taj Mahal ficou para a história graças à coragem dos seus funcionários. Seguindo a sua filosofia de que o hospede é Deus, os funcionários não abandonaram o hotel durante o ataque e mesmo sob perigo de vida continuaram sempre a zelar pelo bem-estar dos seus clientes. Arjun (Dev Patel), empregado de mesa e Oberoi (Anupam Kher), renomado chef, estiveram entre aqueles que mais se arriscaram para salvar a vida a diversos hospedes. Sempre no mesmo ambiente – dentro do hotel – o filme consegue escapar quase sempre ao inevitável tédio, contando uma bonita história de bravura, contrastante com a cobardia dos assassinos a sangue frio.

Soldado Milhões (2018)

Maio 31, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Gonçalo Galvão Teles e Jorge Paixão da Costa revisitam a Batalha de La Lys, em plena Grande Guerra, para lembrar que nem tudo foi atraso de vida e humilhação. Entre os "lanzudos" enviados para a frente de batalha, encontravam-se homens de coragem e um - Aníbal Milhais - que foi considerado herói pelos portugueses e aliados. Se a evolução do cinema português, em termos visuais, é evidente neste filme, há ainda caminho a percorrer em termos de som e sobretudo de construção da narrativa. Lá chegaremos. Com boas tentativas, como esta.

A Herdade (2019)

Abril 30, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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A Herdade, filmado por Tiago Guedes, começa a conquistar na primeira cena, graças a uma fotografia fabulosa que nos acompanhará até ao fim (aquela cena escura do cavalo e do cavaleiro, no chão é uma cena clássica instantânea). Logo na primeira cena, percebemos o tom duro da narrativa. Um homem enforcado, um homem que o observa e um miúdo que deve aprender uma lição sobre a finitude. Está apresentado o filme que tem dado nas vistas e que já cheira a Oscar (feliz, o título inglês, “The Domain”).

João Fernandes (Albano Jerónimo), o tal miúdo, já crescido, é dono de uma ampla herdade (Comporta) no Portugal de 1973. É duro com o filho, Miguel, dos seus 3 ou 4 anos; é distante com a mulher, Leonor (Sandra Faleiro), filha de um general do regime e é firme, mas justo com os homens e mulheres que trabalham as suas terras. Joaquim (mais uma bela interpretação de Miguel Borges) é o seu fiel escudeiro. João vive apenas para as suas terras, herança do pai, duro como ele, e que quer deixar ao filho que já adivinha não ser duro como ele. Mas, em plena ditadura, um latifundiário de destaque como ele, é assediado para dar mostras públicas de apoio ao regime.

Numa das melhores cenas do filme (subtil, como na rádio aparece uma conhecida canção e comos e nada fosse, passa pelo carro de João, uma coluna de militares), a revolução chega e a vida de João pode mudar. Os sogros, outrora snobes, precisam dele e os empregados, outrora servis, são influenciados pelo comunismo. A família começa aos poucos a fugir-lhe.

Corta para os anos 90. João, mais velho, tenta manter a herdade contra os bancos; os empregados vão indo à sua vida, a mulher parece cada vez mais infeliz, Miguel é o resultado da dureza com que foi tratado e Teresa, bebé nos anos 70, tem mais interesse no filho de Joaquim no que no resto da família. João lida com a perda do mundo em que cresceu, numa interpretação soberba de Jerónimo, num fresco dos anos 70 e 90, subtil mas certeiro.

Parasitas (2019)

Abril 24, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Foi Palma de Ouro em 2019, brilhou nos Óscares de 2020 e foi um sucesso de bilheteira, um pouco por todo o mundo, a começar pelo seu país – Coreia do Sul – onde é o filme mais visto de sempre. Parasitas, feroz crítica social, é um filme a ver e rever.

Melhor filme do coreano Bong Joon-ho (The Host, Snowpiercer ou Okja) até ao momento, Parasitas, apresenta-nos uma família coreana (pai, mãe, filho e filha), paupérrima, que vive numa cave onde não é raro verem bêbados a fazer as suas necessidades e que vai subsistindo à custa de biscates e de muita “ratice”. Desempregados, pai e mãe parecem conformar-se com a sua sorte enquanto que os filhos se deixam andar, mais preocupados com apanhar wifi de um vizinho, do que com a sua dignidade.  

Um dia, num golpe de sorte, um amigo do filho, escancara-lhe as portas da casa de uma família rica. A mãe rica, alheada do mundo, deixa-se impressionar pelo filho pobre e logo o contrata. A filha rica, essa, fica à mercê do charme do novo explicador cujo salário é a salvação da família. Mas qualquer Homem quer mais. O filho rico também precisa de quem o ajude e o filho pobre logo infiltra a filha pobre na casa. É o segundo salário. Quando já deixamos de ter pena da família pobre, os esquemas sucedem-se e pai e mãe pobres também já trabalham para a família rica. Jackpot. E a moralidade não entra aqui, se não, num pequeníssimo rebate de consciência do pai, quando pensa alto naqueles que deixou pelo caminho.

Sempre risível, mas sempre afiado na crítica à amoralidade, distribuição de riqueza e vício do digital. Parasitas está cheio de voltas e reviravoltas sem que os ricos pareçam ser muito afetados. São os parasitas que lutam pelo direito a parasitar.

O caso de Richard Jewell (2019)

Abril 23, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Em 1996, quando Atlanta recebia os Jogos Olímpicos, Richard Jewell destacava-se, primeiro como herói, depois, como vilão. Jewell, segurança, valorizou uma mochila abandonada que viria a explodir, minimizando os estragos. Ganhou logo dimensão mediática, rivalizado com as estrelas olímpicas de então. Mas o polícia falhado, com excesso de peso que vivia com a mãe, acabou por estar no centro de uma investigação do FBI que o quis ver como culpado de ter colocado a bomba que descobriria, para ser fabricar como herói. É a jornada para provar a sua inocência, que o olhar maduro e certeiro de Clint Eastwood traz aos cinemas com “O caso de Richard Jewell”.  Paul Walter Hauser é Richard, muito bem acompanhado por Sam Rockwell como seu advogado, Watson Bryant e Kathy Bates como Bobi Jewell. Jon Hamm faz de agente do FBI, responsável pelo caso e Olivia Wilde, de primeira jornalista responsável por apontar Jewell como vilão. Eastwood assina, a meu ver, o seu melhor filme desde Invictus, passando este, à frente de Correio de Droga, Milagre no Rio Hudson ou Jersey Boys, continuando na sua série de heróis americanos menos óbvios.

Skin (2018)

Abril 21, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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É de problemas de pele de que se fala em Skin, filme de 2018 do israelita Guy Nattiv. A pele dos outros, que não é alva e a quem os neonazis do Indiana prometem “queimar o solo”. E a pele dele. Bryon Widner, Babs para os irmãos do Vinlander Social Club.

A pele dele está tatuada em todo o lado, cara incluída, com símbolos de ódio que fazem com que a vida normal se afaste dele. E só ultrapassando estes problemas de pele, é que Widner, pessoa real, se mudou para o lado dos bons. É esta jornada, do abandono de 16 anos de vida com os “feios, porcos e maus”, a que Jamie Bell, dá o corpo.

Babs, contou com a ajuda de uma mulher (faz dela, uma Danielle Macdonald, em grande forma), pela qual se apaixonou e o ajudou a ter uma vida “normal”. Por ela, casa e forma uma família. Por ela, que já experimentara e não gostara de uma relação com um neonazi. E contou com um ativista para os direitos raciais, através do qual conseguiu financiamento para remover as suas tatuagens e um acordo com as autoridades.

Funcionam como expiação dos pecados e como metáfora da limpeza que Bryon quis na sua vida. Vida essa que, entre os 14 e os 30 anos, foi feita num grupo neonazi de uma certa América rural, onde a pobreza é aliada dos recrutas (às tantas, um novo “irmão” confessa ter sido a fome a fazer com que se juntasse ao clube).

1917 (2019)

Abril 20, 2020

Francisco Chaveiro Reis

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Estamos em 1917, nas trincheiras inglesas, em França. Dois soldados jovens e exaustados são chamados à presença de um general. Até à manhã seguinte, menos de vinte e quatro horas depois, devem entregar uma mensagem que salvará a vida a quase dois mil soldados, incluindo o irmão mais velho de um deles. Esta é a premissa de 1917, o mais recente de Sam Mendes, que acompanha a jornada de Blake (Dean-Charles Chapman, o Tommen de Game of Thrones) e Schofield (George McKay) por trincheiras, campos, aldeias e vilas abandonadas e bombardeadas e por todos os perigos da guerra, por vezes em peripécias pouco credíveis, mas sempre temperadas com a crueza da guerra.

Numa missão quase impossível que faz lembrar O Resgate do Soldado Ryan, 1917 é menos gráfico, ainda que o seja bastante (às tantas, Blake, assustando com um cadáver acaba por meter a mão no peito aberto de outro). Se a história é interessante e faz com o espetador se torça na cadeira até ao fim, é do ponto de vista cénico que 1917, nos ganha. Com uma camara fiel, sempre colada à reação da dupla de mensageiros e vários planos únicos, sentimo-nos no papel dos protagonistas. Sentimos desconforto ao deslizarmos pela terra e pela lama; sentimos fome e cedo e sobretudo, na cena mais bela do filme, sentimos o medo e admiramos a beleza de uma vila francesa quase desfeita, apenas iluminada momentaneamente pelo bombardeamento.

1917 é um dos filmes do ano e um dos melhores filmes de guerra dos últimos anos. E ainda tem Colin Firth, Mark Strong, Benedict Cumberbatch ou Andrew Scott a fazer pequenas mas decisivas aparições.

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