O Imortal (2019)
Abril 27, 2020
Francisco Chaveiro Reis
Criticado pela escrita leve, José Rodrigues dos Santos é um campeão na venda de livros em Portugal, colocando milhares de portugueses a consumir a sua obra. Sendo que cada um dos seus livros tem centenas de páginas, custa cerca de vinte euros e tem uma periodicidade anual, isso é obra.
Não sou especial admirador da escrita. Não critico a leveza. Não há mal nenhum em ir direto ao assunto. É aliás, algo bastante natural em certas literaturas. Não gosto tanto da tentativa de embelezamento da narrativa com adjetivos desnecessários. Não gosto do rumo de muitas histórias, nem de um académico fazer o improvável (como ir ao espaço). Mas lá está, não é nada que Robert Langdon, não faça nos livros de Dan Brown.
Sou especial admirador da forma como escolhe temas, atuais e pertinentes (ou partes menos claras da história, na vertente de romance histórico) e como compila e simplifica informação variada sobre os mesmos, fazendo um trabalho quase jornalístico. Nos livros de JRS, aprende-se e isso nunca é mau.
Desta feita, Tomás Noronha, a braços com a saúde cada vez mais frágil da mãe, vê-me metido na discussão dos limites do Homem e na possibilidade de este viver mais tempo ou até, para sempre. A imortalidade e os avanços científicos são, claro, alvo de jogos de bastidores, nos quais se inclui a história de um conhecido cientista chinês, que clama ter feito nascer dois bebés geneticamente modificados e um projeto ultrassecreto americano, inspirado em Leonardo DaVinci.