It´s a Sin (2021)
Janeiro 26, 2021
Francisco Chaveiro Reis
Em tempos de pandemia, a HBO estreia uma série dramática sobre a pandemia que bateu à porta da Londres dos anos 80, a Sida. Não que a doença fosse exclusiva ou tivesse começado ali mas é nesta realidade que aterramos para conhecer um grupo de homossexuais (e uma sua amiga, heterossexual), no inicio da sua vida adulta, recém libertados das amarras da suas famílias conservadoras e prontos para mil e uma noites de farra, com muito sexo desprotegido pelo meio. Richie (Olly Alexander), estudante de direito que quer ser, afinal, ator e deixou para trás a Ilha de Wigh; Roscoe (Omari Douglas), que foge da família nigeriana que o quer “curar” ou Colin (Callum Scott Howells) que vem de uma terriola galesa, acabam a viver juntos, na companhia de Jill (Lydia West), também ela aspirante a atriz.
É quando Colin, empregado numa loja de roupa, nos apresenta o seu colega Henry (Neil Patrick Harris), um gay mais velho e com uma relação de mais de trinta anos, que percebemos que algo está mal. O seu companheiro desaparece de vista e Henry acaba num hospital, isolado e deixado para morrer, com o tipo de manchas na cara que, nós, em 2021, já conhecemos bem e vimos representadas, desde logo, em Filadélfia ou Anjos na América. Ao mesmo tempo, à medida que os rapazes prosseguem a sua vida mais (Richie e Roscoe) ou menos (Colin) animada, não param de chegar dos EUA notícias de uma nova praga e em Londres, o cerco vai apertando.
Esta é a nova série de Russel T. Davies, que viveu a época na sua pele de homossexual e que lembrou, no lançamento, aquilo que viu: "Há coisas que não posso dizer aqui. Homens cujos nomes não me atrevo a revelar. O primeiro homem com quem tive sexo. O homem que amei durante três meses em 1988. O amigo hilariante com quem passei uma semana louca em Glasgow. Agora estão todos mortos. E todos eles morreram vítimas da Sida. Mas não posso dizer os nomes deles porque as famílias disseram que eles tinham morrido de cancro ou de pneumonia e ainda hoje mantêm essa história. O estigma e o medo sobre o HIV era tão grande que uma família muitas vezes sujeitava-se a décadas de luto sem nunca revelar o que realmente tinha acontecido", escreve o argumentista no seu texto publicado no jornal britânico "The Guardian".