Depois de fazer fama e fortuna com comédias patetas, amadas pelo público e desprezadas pela critica, Adam Sandler tem feito um caminho diferente, conforme comprava a sua participação em The Meyerowitz Stories. Mas é com este Uncut Gems, que Sandler tem a prestação de uma vida, num filme “sério”, por muito que dê ares de comédia negríssima.
Adam é Howard Ratner, o dono de uma das lojas no Diamond Distrit, em Nova Iorque. Viciado no jogo, Ratner arranja esquemas de todo o tipo para pagar dívidas velhas e inventar novas. Sempre com cobradores no seu encalço (incluindo um membro da sua família), vai tentando manter-se como bom marido e pai, ao mesmo tempo que tem a empregada e amante, num apartamento pago por si (a amante, a bela Julia Fox, é uma das joias do enredo).
Enquanto empenha um anel ali para fazer uma aposta louca acolá, Ratner recebe a possibilidade de um negócio de uma vida. Descobre judeus negros na Etiópia que lhe vendem uma opala raríssima. Se tudo correr bem, vende-a por um milhão de dólares e estabiliza a sua vida. Mas desde cedo desconfiamos que correr bem não é algo que acontece à vida do comerciante.
Às tantas, depois de muita trapalhada e com o filme adiantado, Ratner leva uns tabefes de um cobrador e é atirado para dentro de uma fonte. Levanta-se, determinado, com sangue no lábio, a opala debaixo do braço e sem óculos e, ignorando os que o olham de lado, parte determinado. Na verdade, sabemos que acaba a chorar a sua sorte, no interior do seu escritório, mas até aí, parece que nada faz a força de Ratner desaparecer.