Soneto Quarto
Março 09, 2016
Guilherme Diniz
Eclesiastes
«Ó mundo, que és o exílio dos exílios.»
— Cruz e Souza
E tudo se esvai, sem canto ou resposta,
Neste fim de caminho ante as escarpas.
Ali adormecem as águas, cansadas,
Entre fé e corações de quem se gosta.
Só fúria, fúria, fúria, fúria, fúria
Engasgada nas horas, entre os passos
Que largos ao fim se vão. Que abraços
Esperar dessa terra, céu de espúria
Imensidão, só chaga e não? Os sonhos,
Quantos sonhos caídos, sem vitórias,
Como ânsias de irmãos ainda estranhos?
Assim te quer — Oh! Sim, resto e homem —,
O Mundo: sempre fraco, todo glória,
Corpo vazio, sem carne, sem nome.