Soneto Segundo
Fevereiro 19, 2016
Guilherme Diniz
Danse Macabre
«Caístes-me tão asinha
caíram as esperanças.» — Sá de Miranda
Onde estará meu Rei no obscuro
Silêncio do espírito? No exílio,
A ouvir minha voz e martírio?
Oh! Campos, travessias, do maduro
Amor imerecido, a inocência
Que floresce na impermanência
Das luas — o que me resta das crenças
Idas, das noites de fome, ciência
Sabida por meus velhos membros?
Vaguei cego no tempo invisível,
Nas rosas e gramados entardecidos.
Mas hei de transcender o tempo:
Corpo à terra, em regresso, na falível
Sombra que caminha a ossos vivos.