Soneto Primeiro
Janeiro 20, 2016
Guilherme Diniz
Death, thou shalt die.| John Donne
Tive no peito sal que não era mar.
Dizia-me coisas que não sei, inverno
d’alma, infausto e crepuscular.
Era sonho de pedras, aberto
caminho de dois mundos, desdobrado
como destino, franjas de terra nua.
Era febre o barro da encosta, asco
de faces e dores que jamais se curam.
Secreto era o fundo que refletia
mil sóis de treva, único interprete
com que me via, sacudido na viva
carne final do Juízo, redimida
entre luas e sortes, filho que pede
vida entre a morte, a paz definitiva.