Fui desafiado pelo colega de casa virtual a escrever sobre os livros do ano, como ele próprio fez, e bem, em resposta a este repto. Cá vai.
Como é habitual, este ano, li cerca de 20 livros. Não me lembro de todos, é certo, mas sei bem qual o que mais gostei. Já lá vamos. Eventualmente.
O ano começou com O Inverno do Mundo, segunda parte da triologia de Ken Follett, que ameaça ser a sua obra prima, superando Os Pilares da Terra. Isto diz tudo.
Antes do verão, deliciei-me com Dentro do Segredo, crónica da viagem de J.L. Peixoto à Coreia do Norte e com a reunião de alguns contos/crónicas seus em Abraço. Dentro das escritas em português, lembro-me, ainda, do sofrível A Mão do Diabo, no qual, J.R dos Santos se propunha a explicar as causas da crise.
No verão, nas duas semanas passadas na costa alentejana natal, li policiais suecos. A Princesa de Gelo, Os Diários Secretos e Ave de Mau Agoiro, todos de Camilla Lackberg, sucessora no meu coração do malogrado Stieg Larsson. Do mesmo género e nacionalidade, ainda me aventurei nos escritos de qualidade de Mons Kallentoft mas, não terminei, ainda.
No pós-verão, aventurei-me no fantástico A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert, escrito por um jovem de 24 anos e que explora tanto um misterioso crime, como o processo criativo da escrita. Depois, embrenhei-me em Como Deus Manda, que conta a história crua e cruel de um adolescente italiano e do seu pai criminoso.
Esperei por novembro para ficar totalmente arrebatado. Do mesmo J.R. dos Santos que não me conquistara com A Mão do Diabo, li a vida e obra de Calouste Gulbenkian. A primeira parte, O Homem de Constantinopla, já é muito interessante, revelando a infância e vida adulta do milionário arménio.
Mas, na hora de eleger o livro do ano, não hesito. Ganha Um Milionário em Lisboa. Não é o mais bem escrito, não é uma história surpreendente ou sequer original mas conseguiu alcançar aquilo que mais procuro quando leio. A evasão.
Um português, em 2013, quer uma pausa na realidade quando pega num livro. Nestas boas centenas de páginas, acompanhei as aventuras de Krikor no meio do genocídio arménio e a vida de seu pai em Portugal. Uma vida de luxo, astúcia e de procura constante pela beleza, como sentido da vida.
A literatura para mim é isto, evasão. No meu sofá, durante uns dias, gritei e lutei contra as atrocidades cometidas pelos turcos em 1915; vivi num hotel de luxo no centro de Lisboa; fui implacável nos meus negócios de petróleo e comprei algumas das mais belas e caras obras de arte do mundo.
Assim, esqueci as mortes na família, a falta de dinheiro, as depressões e tudo o resto de que me queria libertar por momentos.
Nas páginas deste livro, evadi-me.