1917 (2019)
Abril 20, 2020
Francisco Chaveiro Reis
Estamos em 1917, nas trincheiras inglesas, em França. Dois soldados jovens e exaustados são chamados à presença de um general. Até à manhã seguinte, menos de vinte e quatro horas depois, devem entregar uma mensagem que salvará a vida a quase dois mil soldados, incluindo o irmão mais velho de um deles. Esta é a premissa de 1917, o mais recente de Sam Mendes, que acompanha a jornada de Blake (Dean-Charles Chapman, o Tommen de Game of Thrones) e Schofield (George McKay) por trincheiras, campos, aldeias e vilas abandonadas e bombardeadas e por todos os perigos da guerra, por vezes em peripécias pouco credíveis, mas sempre temperadas com a crueza da guerra.
Numa missão quase impossível que faz lembrar O Resgate do Soldado Ryan, 1917 é menos gráfico, ainda que o seja bastante (às tantas, Blake, assustando com um cadáver acaba por meter a mão no peito aberto de outro). Se a história é interessante e faz com o espetador se torça na cadeira até ao fim, é do ponto de vista cénico que 1917, nos ganha. Com uma camara fiel, sempre colada à reação da dupla de mensageiros e vários planos únicos, sentimo-nos no papel dos protagonistas. Sentimos desconforto ao deslizarmos pela terra e pela lama; sentimos fome e cedo e sobretudo, na cena mais bela do filme, sentimos o medo e admiramos a beleza de uma vila francesa quase desfeita, apenas iluminada momentaneamente pelo bombardeamento.
1917 é um dos filmes do ano e um dos melhores filmes de guerra dos últimos anos. E ainda tem Colin Firth, Mark Strong, Benedict Cumberbatch ou Andrew Scott a fazer pequenas mas decisivas aparições.