Silêncio (2017)
Janeiro 23, 2017
Francisco Chaveiro Reis
Silêncio, novo filme de Martin Scorcese, é longo (quase três horas) e desafiante. Ameaça muitas vezes tornar-se chato mas a meu ver, tal nunca acontece. No Séc. XVII, os cristãos são perseguidos e massacrados no Japão budista. Os japoneses convertidos são obrigados a renunciar à sua fé ou assassinados. É neste contexto que o padre português Ferreira (Liam Nesson) desaparece sem deixar rasto. Chegam a Portugal relatos da sua conversão ao budismo e da sua renúncia à fé. Num clima de grande perigo, dois dos seus protegidos resolvem partir para Oriente para saber o que realmente aconteceu a Ferreira. É assim que Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver) partem para a aventura da sua vida. Escondidos no Japão pós passagem por Macau, com a ajuda de um japonês bêbado e errante – Kichijiro (Yosuke Kubozuka), conhecem a pobreza extrema, o medo de serem apanhados mas uma fé inabalável de uma minoria japonesa tocada pelos ensinamentos dos jesuítas ibéricos. Num período de grande sofrimento, os dois padres acabam por ser presos, com destaque para Rorigues que se vê sob a influência de Inoue (Issei Ogata), o cérebro por trás da perseguição. Um filme de grande beleza fotográfica onde o sofrimento extremo está sempre presente, tendo a fé como escape e tábua de salvação.
Nota: Impressionante o sadismo relatado nos métodos de torturar os cristãos. Um sadismo reproduzido depois em filmes da II Guerra Mundial, nos quias se volta a ver esta maldade aplicada aos prisioneiros norte-americanos, vide Invencível, de 2014.